Professor aponta a importância da diversão para a qualidade de vida e socialização
A troca das brincadeiras de rua pela tecnologia dos tablets e videogames prejudicou, em algumas crianças, o que o professor de educação física Rogério Guerreiro chama de letramento motor: aprender a correr, saltar, dar cambalhotas. “Esses costumes antigos têm tudo que eu quero ensinar: é cultura, socialização, convivência com culturas e educação diferentes”, afirma Guerreiro, professor da rede pública do Distrito Federal.
Esta é uma das discussões em pauta no dia do profissional de educação física, comemorado no aniversário da regulamentação da profissão, que aconteceu em 1998. Para Guerreiro, 47 anos, que concentra esforços na educação infantil e na primeira etapa do ensino fundamental, o componente curricular é essencial tanto para a descoberta de novos atletas quanto para o bem-estar dos estudantes de todas as etapas da educação.
Rogério busca incentivar a diversão e o condicionamento físico na jovem infância. “Algumas dessas crianças nem sabem andar direito, não têm equilíbrio. Outras não conseguem pular em um pé só, jogar amarelinha, correr de lado. É preciso ensinar para as crianças que tem muita coisa fora do wi-fi”, comenta. Para ele, o importante não é ensinar o esporte para então jogar, o procedimento é o contrário. “Meus alunos não são atletas olímpicos, mas têm o direito de conhecer e aprender o vôlei, por exemplo”, aponta o professor.
Para o professor, o ideal, na educação básica, é se divertir. “O esporte é o que você faz dele. Se eu fizer com que seja uma atividade de alto rendimento, pode funcionar. Se eu quiser fazer algo sobre real integração, em que todos brinquem sem se preocupar com quem ganha, é possível. As duas opções não são excludentes e podem se ajudar”, garante Rogério.
Outro problema é a passagem para a adolescência, quando a atividade física deixa de ser atraente. “Tenho a impressão de que essa faixa etária não se interessa tanto. Isso é, em parte, relacionado com a estética, malhar para ficar em forma. Mas acho que também tem o entendimento de que a atividade física não é mais divertida, os meninos não querem voltar suados para a sala de aula”, lamenta o professor. “Falta uma proposta pedagógica coerente que mostre a importância da educação física como suporte para a qualidade de vida”, completa.
Assessoria de Comunicação Social
Publicado por: Maria de Lourdes da Silva Marques